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Um caminho sem fim

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Hey! O meu nome é Bruna, vou vos contar um pequeno segredo.
Eu nasci muda, mais tarde fiquei cega por causa de um acidente se é assim que se pode chamar, na verdade não foi um acidente, apenas uma coisa macabra.
Depois deste acidente fui viver para o campo, a confusão da cidade e o barulho eram ainda mais macabros do que o que me aconteceu.
Eu era pequena e não tinha muita companhia, nem cria ter, eu tocava violino, mesmo sem ver, o importante era sentir. A minha mãe comprou uma égua da raça Shire para me fazer companhia, tinha um pelagem branca e preta e era alta, segundo a minha imaginação pois na realidade ela era de cor castanha e branca, eu simplesmente gostava de ela assim, eu insistia que ela era assim, mas minha mãe me dizia a realidade, mas meus olhos cegos diziam-me que era assim.
A minha mãe também me contou uma história sobre ela. A minha égua foi encontrada antes de eu nascer num vale onde passava uma linha de comboio que foi encerrada á algum tempo, era perto da minha casa, o senhor que a encontrou ficou com ela, mas ela era indomável, fugia muitas vezes ao dono e voltava para o vale. O dono então vendeu-a á minha mãe.
Eu dei-lhe o nome de Breath of Light, desde o dia em que a conheci ela passou a ser os meus olhos e a minha boca. Ela não era indomável, apenas tinha cicatrizes como eu, de um passado macabro, nada mais.
Eu agarrava-me á crina dela e seguia a lado dela, percorria-mos caminhos sem fim, tocando violino. Nunca fui capaz de a montar, talvez porque, eu não sei...
Um dia fui até ao vale com ela, eu não via, mas tinha a certeza que aquilo era o vale de que a minha mãe me falou, sentia as linhas férreas serem calcadas pelos meus sapatos, sentia um pequeno rasto de água ensopar-me os sapatos que seguia pela linha, haviam plantas que faziam um arco onde no meio estava a linha férrea, não existia barulho de comboios, apenas o do meu violino e das patas da Breath of light.
A linha férrea era um caminho sem fim, depois desse dia passei a ir lá todos os dias com a minha égua.
Num dia frio e gélido fui como sempre até ao vale, ouvi apenas uma planta do arco ser cortada do meu lado, depois senti uma coisa afiada penetrar-me a pele e passando de um lado ao outro do meu peito, apenas ouvi a minha égua relinchar, o meu violino caiu nas linha férreas e eu também. A minha égua também ficou ferida no tronco, mas agarrou-me e atirou-me para o sei dorso e eu apenas consegui agarrar-me ao seu pescoço.
Era a primeira vez que a montava, foi espantoso montá-la, senti-me livre, pensei que aquele dia fosse o melhor da minha vida mesmo depois de ter sido atingida, não sei pelo quê, mas o que me aconteceu era me familiar e a maneira como fui atingida também, era macabra.
Fui levada pela minha mãe para o hospital, senti que ia morrer.
Passado uns dias acordei na cama de hospital, estava lá a minha mãe. Ela contou-me que fui atingida por uma flexa e a Breath of light também, depois do que me aconteceu ela fugiu e mais ninguém soube do paradeiro dela. Eu fiquei triste.
Quando saí do hospital a primeira coisa que fiz foi ir até á linha férrea que não tinha fim, depois de a percorrer encontrei o meu violino e encontrei uma luz e um fim, estava lá a minha égua morta. Devia ter sido eu...
Depois disso ela foi reduzida a cinzas e estas foram enterradas no fim da linha. Passei a ir lá todos os dias como fazia sempre, mas dessas vezes ás cegas. Afinal a linha tinha fim, o caminho tinha fim.
Passado longos anos quando eu era já adulta continuei a ir lá com o meu violino e ficava lá a tocar, tinha sido lá plantada uma cerejeira com flores deslumbrantes mesmo sem eu as ver. Não sabia quem a plantou.
Um dia estava encostada á cerejeira e ouvi novamente aquele barulho da flexa, mas desta vez não me atingiu, fiquei quieta. Ouvi sussurrarem-me ao ouvido esquerdo.
-Fui eu que te tirei a vista, a tua égua, mas fui eu que te dei esta árvore que representa a tua vida. A linha não tem fim, é um caminho sem fim, vasta só imaginares que o é, vasta fazê-lo da mesma forma que a pelagem da tua égua. E não devias ter sido tu. Eu sou o teu anjo da guada,um vigilante, mas também sou a mão que tira e a que dá.Eu não te tirei nada.- era uma voz masculina, mas pacífica.
Depois apenas senti que ele me passou a mão pelo cabelo e foi-se embora, mas deixou uma flexa espetada na cerejeira.
Afinal fiquei a saber quem foi, e que a linha férrea não tinha fim. Mas a partir desse dia senti-me melhor e tinha um anjo da guarda, mas que afinal não tinha perdido nada.
Uma pequena história em Português que foi feita para um concurso, mas apenas modifiquei uma frase.
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